quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Uma questão de Wiskas

Eram quase onze e meia e tinha acabado de apagar o gato. Não tinha sido fácil uma vez que ardera mais rapidamente do que eu tinha previsto.

O pobre bicho pegou fogo um pouco antes quando, numa tentativa de lhe testar os reflexos, atirei o novelo de lã preferido dele para dentro da lareira e ele, instintivamente, foi buscá-lo.

«MIAAAAAAAAAUUUUUUUUUU!» Podemos dizer.

A princípio, deixei-o arder um bocado só para lhe ensinar uma lição e para o livrar de uma ou duas camadas de pêlo emaranhado em lama e crostas que, ultimamente, pareciam andar a perturbar-lhe o andar. Mas admito que fiquei fascinado pelas variadas cores das chamas. Cores que, sem dúvida, se deviam em parte às horas infindáveis que passava a brincar e acorrer atrás de ratos com três olhos e do tamanho de uma toranja indiana na lixeira de resíduos tóxicos que havia ao lado de casa. Era um espectáculo e tanto. E até me arrisco a dizer que vi efeitos pirotécnicos talvez melhores que as do reveillon da Madeira.

Então, à medida que a deflagração felina se ia extinguindo e podia ver de forma clara a silhueta do ranhau, começou a expelir uma densa nuvem de fumo juntamente com outras substâncias gasosas que só posso descrever como “vapor de gato”. Rapidamente, cobri-o com várias camisolas baratuxas que já não me serviam e esmurrei-o com delicadeza, ainda que não sem alguma ira, durante pouco mais do que uma hora, até que o fumo esmoreceu e ele parou com os guinchos que, na altura, começavam já a incomodar.

Nessa altura, motivado sem dúvida pela dor súbita e pelo medo, saltou vários metros no ar, ficou firme e hirto como uma barra de ferro, abriu as pernas e começou a girar com violência, gemendo e elevando-se em círculos até à maquineta matadora de insectos pendurada no tecto numa órbita elíptica. Girou durante quase uma hora levando de vez em quando um choque eléctrico da tal geringonça. Girou durante quase uma hora. Finalmente, exausto, ou supus eu, morto, ficou imóvel, a sua órbita suavizou-se e foi embater contra um armário do séc. XVIII, aterrando com violência sobre o chão com a sua cabecita.

Durante três dias, ficou imóvel. Quando acordou, abri uma embalagem de Wiskas saquetas e alimentei-o à mão.

Mas uma coisa vos direi. Apesar de ter ficado com um aspecto estranho e a tresandar, estou feliz por ter lá estado quando ele precisou de mim.

Ps- Este post é dedicado ao Indivíduo Satanhoco, essa novilho preso num corpo de homem assim a modos que meio-novilho. É que o bicho faz hoje anos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ja que falamos de gatos...:

Ora bem, então temos: um masoquista, um sádico, um zoófilico, um necrofilico, um coprofilico e um gajo de fetiches.
Os gajos tão todos na prisão. Então às tantas o zoófilico diz: "Hey pessoal, bora violar um gato!". E o pessoal todo "Bora lá" e o caraças.
Mas então o coprofilico diz: "Depois de o fodermos cagamos-lhe em cima!". Toda a gente aplaude a ideia. Depois vira-se o necrofilico e diz: "Depois matamos o gajo, e fodemos o cadáver!". O pessoal tá todo orgásmico com a ideia, mas o sádico avança: "Esperem! Mas antes de matarmos o gato temos de o torturar primeiro!". E logo em seguida o gajo dos fetiches diz: "E então violamos o gato com um dildo!". O pessoal já se estava a passar: "Porra! Vamos a isso". Nisto o masoquista vira-se e diz:


"Miau".

Anónimo disse...

O amor é lindo... aposto como o satanhoco ficou comovido com tamanha dedicatória e vivam os gatos!

Anónimo disse...

Fui ver o teu perfil porque, é triste, mas confundi o aniversário do satanhoco com o teu. Em minha defesa posso dizer: isto sem caras é mais difícil... quando vejo o teu filme preferido... Há anos que ando a dizer às pessoas que há um filme sobre tomates gigantes assassinos e ninguém acredita e eu não tinha provas para apresentar...mas agora vão ver! Se bem que ao dizer: "o Sandes de choco também conhece!" não sei se não será pior...

dusty disse...

Attack of the killer tomatooes!Attack of the killer tomatooes!
O resto da letra da música não sei mas penso que o filme é ainda melhor. Ficou conhecido por ser o pior filme da história, até então. Os ditos tomates conduzem aviões e emitem um som que é qualquer coisa como "grruá grree".

Senhor Indivíduo Satanhoco disse...

Uau… Isto de ter algo dedicado a nós é uma responsabilidade! Nunca ninguém me tinha dedicado nada…e agora tenho este lindo post! Muito obrigado caro amigo Sandes, digo isto enquanto me escorre uma lágrima pelo rosto…uma lágrima de tristeza, de desgosto…Afinal o Gato sobreviveu!!!

Anónimo disse...

Relativamente ao filme dos tomates, uma vez vi uma entrevista do George Clooney e ele confessou ter participado nesse filme!! Escusado será dizer que foi em tempos em que ainda não era uma estrela!