sábado, 28 de abril de 2007

Timidez versus Vaidade

Numa conversa sobre a timidez e a vaidade eu disse que a timidez é a vaidade ao extremo, tamanho é o medo de falhar. Pois que medo de falhar é este senão um pensamento inconsciente de superioridade, logo vaidade. Mas depois de ouvir outra opinião fiquei na dúvida. De uma coisa tenho a certeza a timidez é a maior prisão que conheço, e o pior é que é auto-imposta. Impede-nos de dizer as coisas, impede-nos de as dizer alto, impede-nos de gestos, de actos. Impedimo-nos de ser. Parece que se é empurrado para um palco sem saber o texto, sem ponto.
Há uma guerra civil cá dentro, mas nas guerras, especialmente nas civis, ninguém ganha.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Preçários


Aqui temos uma foto tirada por telemóvel na altura da Páscoa aquando da presença de alguns dos elementos dos PFCAD num baile da pinha numa terra que é em tudo singular (basta olhar para a foto para se perceber).

É cada vez mais comum sermos prendados com tais pequenos lapsos, afinal de contas, estávamos na terra que tem eventos marcados no programa das festas de Verão às 24:30 além de inúmeras “Dance Parte’s” e mines,. Mas minis a 60 euros? Colas a 70 euros? Quer dizer, acredito que algum dia possa custar isso, afinal, a inflação existe. Mas não abusemos.


sexta-feira, 20 de abril de 2007

Podes fugir, mas não te podes esconder...

Hoje num supermercado Modelo qualquer deste país duas irmãs tentavam fugir de um encontro imediato de 5º grau com uma pessoa que ambas gostam de evitar ao máximo e que sabiam estar nesse mesmo estabelecimento. A mais experiente usou técnicas avançadíssimas de descontacto e conseguiu, a mais nova (eu) teve que beijar e fazer conversa de cerca de 1 minuto com essa pessoa. Imaginem uma mulher de 80 anos demasiado pintada para qualquer idade, que fala como se tivesse engolido um megafone e que tenta acasalar o filho com qualquer moça casadoira... pode não ser um estraterrestre que vai fazer experiências com o nosso corpo e que depois nos apaga a memória, mas tem a grande desvantagem de não nos apagar a memória. Não se deixem enganar pelos oitenta anos, ela não tem nada ar de avózinha fofinha.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Pirataria e Idade

Terça- Feira. Dezanove horas e qualquer coisa. Depois de uma hora de aula de código secante ao ponto de querer roer os meus próprios pulsos, chego a casa. Faço o zapping na t.v. do costume… RTP 1: programa para a 3ª idade com um sujeito que deve ter graves problemas de colesterol… RTP 2: programa acerca de religiões… SIC: mais uma novela brasileira… TVI: Morangos com açúcar com tipas de biquini. Depois de pensar cerca de 1/4 de segundo, retirei o som à televisão e deixei ficar na TVI. Olhei mais duas vezes e algo de pura curiosidade assombrou a minha mente: acerca de quê podem estar a conversar duas adolescentes semi-nuas à beira de uma piscina? Ok. Admito que aumentei o volume. Puro espanto - motivo da conversa: pirataria de música e filmes. Ou seja, download ilegal de coisas dessas da net. Passo o possível diálogo como se a mim fosse dirigido.

Olha lá! Sabias que tal sujeito indivíduo foi preso? Ai sim? Mas foi man!! Pirataria de filmes e dvd’s! CoolÉ que sacar filmes e músicas da Internet é proibido e dá até três anos de cadeia! Ok. É que é proibido! Tá bem. E dá cadeia e tudo! Já ouvi… Três anos! Já seiPor isso já sabes pá!! Não te metas nessas cenas pá! Podes ser preso além de levar os artistas à miséria. Pois… Por causa desses downloads, os D’zrt tiveram que vender um rim cada e o Steven Spielberg não pôde comprar uma nova ilha nas Bermudas, teve que se contentar com uma nas ilhas gregas pá. Ok.

Mas será que estes tipos ganham monetariamente alguma coisa com estes falsos moralismos velhos, ramelosos, vesgos e já coçados do uso? Julgo que sim. Só pode.

Por falar em pirataria, ontem decidi ver um filme com personagens da minha infância-pré-adolescência: TMNT- Teenage Mutant Ninja Turtles- Tartarugas ninjas em português de forma abreviada. Eu lembro-me que via os desenhos animados deles na t.v. e até tinha um boneco de um deles que me foi oferecido não sei por quem mas ao qual quero agora dizer um obrigado. É que na altura a coisa tinha imensa piada. Na altura…

Começo a ver o filme: Tartarugas ninjas!! Ok. Tartarugas ninjas. Se eu não soubesse o que são tartarugas e não soubesse o que são ninjas até caia. Cresceram nos esgotos de New York.. Ok. Se até já lá existem crocodilos albinos e tudo… porque não uma tartaruga mutante que sabe artes marciais? Adoram comer pizza. Pizza até pode ser a base de uma boa alimentação, mesmo que eu fosse uma tartaruga, preferia pizza a camarões desidratados… Ok. Cresceram e foram criadas por uma ratazana chamada Splinter. Epá, se até o Cláudio Ramos já é pai, nada disso me espanta… São quatro adolescentes que passam o tempo a lutar contra o mal. E Pronto… Já abusaram. Quatro Tartarugas Mutantes Adolescentes que passam o tempo a lutar contra o mal?? Adolescentes altruístas? Desculpem mas isso é que já não consigo engolir.

É fantástico como a idade destrói certas magias de outrora.

Rás parta!

Intelectual = estúpido & estúpido ≠ intelectual

Existem varias palavras na nossa rica língua que eu tenho um apreço especial, mas de entre todas existem duas que acho divinais… A palavra Estúpido, e o seu as vezes sinónimo, Intelectual…
Quando qualquer uma destas palavras nos é dita é impossível prever uma reacção, ficamos muitas vezes embasbacados com a beleza da sua fonética!
Um ESSSSSTÚPIDO… é uma palavra lindíssima, tentem repetir em voz alta varias vezes! Apetece repetir, apetece chamar a um filho…magnifico!
Já Intelectual é uma palavra de significado mais simpático mas que me parece um palavrão daqueles que engloba toda a família! Dizer que alguém é intelectual é chamar-lhe pouco sério, totó, choninhas, estúpido…
Não é um sábio, não é inteligente…é INTELECTUAL...
A palavra intelectual está directamente ligado o significado do estúpido, mas tem um significado mais estúpido!
Chamar alguém de intelectual é chamar-lhe claramente de estúpido. Para se dizer que essa pessoa tem uma vasta cultura, ai temos de utilizar um sinónimo de intelectual, mas que não seja a palavra INTELECTUAL! Entendem?
Dizer que um gajo está armado em intelectual é exactamente o mesmo que dizer que o gajo está armado em estúpido…mas no entanto dizer que um gajo está armado em estúpido, não é a mesma coisa de dizer que um gajo é intelectual, é estúpido!
Temos assim, o primeiro exemplo de um meio sinónimo. E ao contrário do que durante muitos anos me fizeram querer, num magnífico rasgo de intelectualidade, consegui provar a sua existência!

Assim se fala bom Português!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Não tá ninguém em casa!!! Já disse…

Todos nós já tivemos uma vizinha cusca, alcoviteira e metediça. Mas para mim a pior espécie de intrometidos que alguma vez conheci são as testemunhas de Jeová.
Os gajos não recebem ninguém nas suas próprias casas, e tratam-se por irmãos. Mas quando vão bater as nossas portas temos de os deixar entrar. Sim, se eu não receber o meu irmão em casa vou sonhar com cabidela, com santinhos e bolos de aniversário…
Esta gente que não deve ter mais nada para fazer juntam-se em grupos, e qual gang ou arrastão, toca de bater as portas a ver se alguém os deixa entrar. Eles não vão lá vender a sentinela ou algo que se pareça, eles vão as casas para cuscar, para saber da vida das pessoas…acho que nem eles acreditam naquilo, a própria sentinela deve ser uma espécie de, Lux, caras ou mulher moderna! Com fotos com histórias a escarafunchar a vida dos outros!
Epá, os gajos conhecem-se, sabem todos quem são, mas porque raio continuam a bater à porta! Se eu os mandei passear uma vez vou agora deixar entrar? Isto é como o Clube de Futebol, um gajo é do Benfica e não vai ser por todos os dias um lagarto lhe bater à porta que se vai mudar…e isto é igual!
Eu até sou um gajo respeitador, a sério que sou! Mas as religiões são clubes, cada um tem o seu e acredita que é o melhor do mundo! Por isso respeito todos, só acho é que devia haver um campeonato qualquer para um gajo tirar a duvida, assim de quatro em quatro anos!
Porque sem isso, todos vão sempre pensar que são do maior, mas na verdade não há nada que o prove… e um campeonato sempre tinha a vantagem que os Jeovás podiam descer de Divisão e ir pregar para outra freguesia!
Cada um acredite no que quiser, se quiser até pode venerar o Rei Leão, mas não me venham cá chatear a cabeça.
Eu fico com minha…e já disse que não quero a porra da revista!



p.h.

O meu nome sel tlambolho

Estou grávida de 6 meses de trigêmeos, um ruivo, um moreno, e um ainda não dá para ver o que é, com sorte ao menos esse sairá asiático como o pai que tem uma loja muito gira de importação de produtos chineses que se chama "Impélio velmelho que ataca comélcio tladicional poltuguês".
Já me foi enviado várias vezes o mesmo mail, por pessoas diferentes, a avisar-me dos perigos de uma ida a lojas de chineses esses seres maléficos que nos levam para o fundo dos seus estabelecimentos para nos retirarem orgãos. Eu não dei resposta a tal coisa e apaguei os mails enquanto me indignava com tamanha estupidez.
É esta a arma cobarde que algum comerciante português idiota arranjou para combater a concorrência dos comerciantes chineses?
Não me venham dizer que as lojas estão às moscas por causa dos chineses. Até um dono de um talho anda a barafustar que os chineses andam a roubar-lhe a clientela, ora eu nunca vi bifes à venda nas lojas de chineses da minha cidade.
Têm produtos baratos (a maioria sem qualquer qualidade) e estão sempre abertos. Isto faz deles uma concorrência feroz? Quantas vezes ao sábado à tarde preciso de alguma coisa e as lojas estão fechadas? Um comerciante que fecha a sua loja ao sábado à tarde está a dizer: vão aos centros comerciais, mesmo que fiquem a mais de 30 km de distância ou então porque não vão aqui remediar-se no meu vizinho chinês que tem a loja aberta.
A maioria das pessoas só tem tempo livre aos fins-de-semana para fazer as suas compras e os comerciantes dão-se ao luxo de ir para casa ver as gravações da semana da Bela e o mestre, opções...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

O Engenheiro…

Eu assumo que não vi a entrevista do nosso primeiro-ministro “Eng.” Zé. Não vi porque acho de tremendo mau gosto duvidar da vida académica do senhor.
Eu, essa pessoa idónea, com toda certeza posso garantir que o senhor se licenciou no mesmo ano que eu e o Sr. Prof. Dr. Sandes de Choco, ainda devemos ter feito alguns trabalhos de grupo em conjunto, quem sabe. Ele não era grande aluno, tudo bem, eu e o Sr. Prof. Dr. Sandes éramos barras. Mas agora estar a Duvidar que o homem acabou o curso?
Ainda me lembro de um Prof., mediano, dizer: Óh Senhor Primeiro…perdão, ele disse: Òh menino Zé atão não é que encontrei o exame que o senhor tinha feito no domingo antes da data do exame e não é que tinha passado?! Peço desculpa pela minha incompetência. Ah é verdade e tenho um sobrinho com a quarta classe que é moço rijo que gostava de lhe apresentar, Òh Pinho anda cá ao tio!
E o gajo passou mesmo, era um aluno aplicado!
Desde esses tempos ficou uma grande amizade, tanto que ele ainda esteve para fazer parte do elenco daqui dos PFcAD… mas há dois anos atrás ele estava ocupado na escola primaria da Corte Pinto a tirar uma pós graduação, acho que se chamava quarta classe, e era complicado!
Como podem ver, e até consultar no meu perfil académico, este senhor é tão Eng. como eu e o Sr. Prof. Dr. Sandes de Choco! Com uma nota mais fraquinha, mas também é!

Mas o que me chateia ainda mais é que eu acho isto de uma hipocrisia terrível, primeiro anda tudo em polvorosa porque temos poucos licenciados, falta de mão-de-obra especializada, baixo grau de literacia… Depois, um gajo que já era Eng. vai ser despromovido! Mas que raio é isto? Com o ritmo da Independente daqui a poucos anos as escolas primárias estava cheias de recém licenciados, que só lá iam para aprender a escrever e contar… Isso é que era fazer o País ir para a frente!
Coitado do homem, quando um gajo está em baixo cai-lhe tudo em cima, é mesmo!


NOTA: Um dos professores que em muito influenciou o colega Eng. Zé - espero não estar a cometer uma inconfidência - foi o Sr. Prof. Eng. Dr. Arq. Prateleira. Um homem sábio, com quem ele aprendeu muito...dizem!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Chupa Chups

Tradução da lingua dos nuestros hermanos (é o que dá não poder escolher a familia):
-0% de gordura
-Prazer saudável
-Chupar relaxa

Por isso já sabe! Apanhou a sua mulher na cama com um vendedor de rolhas em 2ª mão vietnamita? Foi despedido do emprego porque foi substituido por um canhoto tailandês? Encontra-se stressado? Relaxe chupando! E não se esqueça: não engorda (propaganda dirigida para mulheres)!!!

Ps-Imagem amávelmente cedida pela Nhanha

terça-feira, 10 de abril de 2007

Feliz dia do enxerto no barbaças

O fim-de-semana português dominado pelas amêndoas, folares, cordeiro assado no forno (lembro-me que há uns anos, nasceu um borreguinho no dia 25 de Dezembro que baptizei de Jesus… o pobre foi morto pela Páscoa também… chorei muito. Chorei. É que estava divinal com aquelas batatinhas novas assadas e com aquela magnifica salada de agriões. Era de comer e chorar mesmo por mais!), visitas de família e etc já terminou. Só hoje me senti mentalmente capacitado para me debruçar nesse assunto. E tenho que falar.

Partilho convosco uma reportagem televisiva típica da época Pascoal.

«Hoje é Sexta-Feira Santa, feriado observado pelos Cristãos como o dia da celebração da crucificação de Jesus Cristo (vulgo J.C.), filho do Deus, cuja morte redimiu os pecados da humanidade.»

E isto é a história como deveria ser descrita:
«Hoje é Sexta-Feira Santa, feriado observado por entusiastas de Jesus em todo o mundo como o dia em que a popular figura barbuda, ocasionalmente referida como “o Messias”, foi alegadamente crucificado e (de acordo com a lenda) morreu pelos alegados pecados da humanidade. O dia de hoje dá inicio a um fim-de-semana “santo” que culmina no Domingo de Páscoa, dia em que se acredita que este “salvador” morto (que além disso, dizia ser filho de um ser invisível que habitava no céu chamado Deus - é caso para dizer que de nada serviram as cunhas…) terá “ressuscitado” misteriosamente.
De acordo com a lenda, ao oferecer-se para ser morto e aceitar levar a coisa até ao fim, Jesus terá salvo toda a gente que já viveu (e mesmo toda a gente que viverá um dia!) de uma eternidade de sofrimento numa zona ardente popularmente conhecida como inferno desde que (ainda de acordo com a história) o aspirante à salvação acredite piamente nesta história mirabolante.»

Isto sim é jornalismo imparcial.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

"Pérolas" que nos chegam pelo correio...

O que motivou a prolongada ausência das “postagens”? Pois… Mas a culpa é do Blogger, essa criatura vil e traiçoeira (agora entendo a revolta da Trambolho e a sua sede de vingança!).

No entanto também é verdade que a motivação para “postar” não era muita, aliás, não era nenhuma, nem para ler as dissertações do Sandes, esse libente arauto das mais incómodas verdades humanas.

Mas eis senão quando, via correio, chega a motivação… um misto de formalismo e disparate linguístico. O remetente? Uma autarquia…



Não fiquei com o lugar a "cuncurso" e faz todo o sentido, de facto não escrevo naquele dialecto, facto que condicionaria a minha comunicação no suposto "trabalho de equipa".

Reconheço: houve justiça e critério no resultado!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

neste dia


Hoje só me apetece ouvir isto. E não é o Chronus. É apenas idade.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Calem-se e tirem os chapéus- O esperado final em formato de dramalhão mexicano versão +/- concentrada

…Hoje, por fim, decidi terminar a minha reflexão acerca dos minutos de silêncio durante os jogos…

Continuemos então…
Pois, se leres este sem ler a 1º não vais perceber nada. Por isso, não sejas energúmeno e vai ler.
A voz continua o seu apelo:
« E por isso, senhoras e senhores, por respeito para com os mexicanos que podem estar sentados entre vós hoje, e tendo em conta o natural impulso humano que nos leva a rir das desgraças dos outros, sempre que alguém morre ou fica estropiado, tentemos mais uma vez, com mais convicção, fazer um minuto de silêncio pelos quarenta e três instrutores de dança mexicanos feios, gordos, atrasados mentais e graves problemas de gengivite ( nova informação recebida por satélite) que foram cuspidos da Montanha Russa. Já para não falar dos pobres palhaços a quem a tragédia bateu à porta quando enchiam inocentemente as bisnagas.»

Estão a perceber o problema? Os fãs não conseguem entrar no espírito. Mas eu compreendo. Sou solidário com os fãs. Porque, epá, francamente, não sei o que devo fazer durante um minuto de silêncio. Vocês sabem? Mas afinal o que é suposto fazer? Estão à espera de quê? Esperam que rezemos? Ninguém o pede. Se querem que se reze, deviam pedir. Até não me importo de rezar ou fingir que, uma vez que, sinceramente, não sei como se reza. Não sei se devemo-nos pôr de joelhos, fechar os olhos e pensar em gatinhos mortos e chorar ou se devemos fazer força para ficarmos com cara de um grave problema de cólicas intestinais. Palavra que não sei. Isto tudo se resolvia com um pedido formal.

Mas não. Não dão instruções nenhumas. Não sei mesmo o que é suposto fazer. Às vezes, tenho pensamentos maléficos. Desejo má sorte às pessoas que estão sentadas ao meu lado para os próximos dias. Imagino milhares de pinguins a serem mortos com catanas por anões viciados em Xanax. Imagino o Cláudio Ramos a levar com um gato morto no focinho. O mais frequente é acabar aborrecido de morte a procurar algo para ocupar o pensamento.

Uma vez, fiz um inventário das borbulhas no pescoço do homem que estava à minha frente à espera de achar uma que tivesse um pêlo para poder puxá-lo durante a confusão do intervalo. Numa feliz ocasião, dei comigo a olhar especado para os seios gigantescos da mulher que se encontrava à minha direita. Duas protuberâncias carnudas a subirem e a descer sob o tímido sol de Fevereiro. E o meu pensamento enveredou por um rumo romântico e terno:

«Porra!!! Gandas mamas! Devia jogar-lhe as mãos assim de repente. Mas… Ná… Ela deve ser daquelas raparigas recalcadas e ia pensar que sou esquisito. Não sabe que isto é tudo timidez.»

É nisto que penso e não consigo evitar. Durante um minuto de silêncio, a imaginação sai-me disparada. Não sei o que fazer. E porquê um minuto de silêncio? Que tem de bom o silêncio? Porque não um minuto de berros? De certeza que os mortos não se vão sentir incomodados, E um minuto de berros punha-me mais animado para o jogo. Mais uma crítica. Porquê homenagear só os mortos? E os feridos? Normalmente há sempre mais feridos que mortos em qualquer tragédia que se preze. Então e eles? Então e aqueles que não morreram nem estão feridos? Aqueles que se limitam a ir ao hospital receber tratamentos e têm logo alta? E que tal em vez de um minuto de silêncio, um minuto de sussuros em memória de todos os que recebem tratamentos e têm logo alta? É uma condição perfeitamente digna. Pessoalmente, sempre quis receber tratamento e ter logo alta. Normalmente, recebo tratamento e a seguir prendem-me numa camisa branca de mangas muito compridas.
A camisa até me fica bem. Acho que é de algodão.