quinta-feira, 31 de maio de 2007

Carta a um amigo

Meu caro amigo,

Escrevo-te porque perdi a tua morada e não tenho maneira de entrar em contacto contigo. Por isso, o mais provável é que não recebas esta carta. Se assim for, não te sintas obrigado a responder. No entanto, se esta carta te chegar às mãos e te apetecer responder, por favor não te esqueças de indicar a tua morada actual para que saiba para onde devo escrever. A propósito, ignora o remetente no envelope porque me vou mudar na semana que vem e, apesar de ainda não saber a minha morada nova, envio-ta logo que receba noticias tuas.
Se tiveres problemas em encontrar-me, não te preocupes porque vou contactar-te logo que me instalem o telefone e, por isso, podes ligar-me quando te apetecer para me dares o teu número. Se não te conseguir contactar, não hesites em contactar-me porque digo sempre aos meus amigos quando um de nós não consegue entrar em contacto com o outro. Se não conseguires contactar-me, diz-me e eu entro em contacto contigo.
Mas, se não conseguires apanhar-me, talvez não valha a pena insistir porque eu hei-de estar a tentar entrar em contacto contigo. E, claro, se conseguires contactar-me avisa. Da mesma maneira, se eu não te conseguir contactar, serás o primeiro a saber.
Pois é, o dia vai longo e, como dizem por cá: «chegou a hora do adeus». Espero que recebas isto antes de me enviares a tua resposta. É muito bom comunicarmos desta maneira.

Com os melhores cumprimentos,

Um amigo teu

PS- Se esta carta se extraviar, ignora-a.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Tenho saudades de andar de autocarro...

Andei durante anos nos mesmos percursos, mas acho que devia ser das poucas pessoas que não me aborrecia no autocarro. Acontecia sempre alguma coisa. Há dois acontecimentos que jamais esquecerei.

1º - o dia em que fiquei com a perna entalada na porta do autocarro, que ainda andou uns metros assim. Para quem visse de fora devia ser estranho uma "bota-da-tropa" preta com um pedaço de calças agarradas a um autocarro em movimento. Até que um rapaz gritou "Oh homem abra a porta que tem aqui uma rapariga entalada!" A partir desse momento criei uma secreta admiração por Martim Moniz...

2º - uma noite em que voltava, num autocarro fora-da-lei, por estar demasiado cheio, chovia a potes, o condutor era o Sr. Jerónimo, cabelo branco, magro, óculos de olhar esperto. Não se via nem um dedo para além do vidro da frente e eu sei porque ía esborrachada nele entre o condutor e três ou quatro pessoas. Próximo do antigo cruzamento do Montenegro (agora rotunda aérea) o Sr. Jerónimo estende-me um lencinho de papel branco e diz: "Oh menina faça-me lá o favor de limpar aí o vidro que eu na estou vendo nada!" Eu obedeci, não melhorou muito e fiz o resto da viagem com um lencinho encharcado na mão e a pensar andar a pé é bom, mas isto também é giro!

domingo, 27 de maio de 2007

Mayra Andrade


Há muito tempo que os meus sentidos não se desfaziam desta forma. Há uns dias fiz um pequeno intervalo para lanchar, ligo a televisão, e vejo uma rapariga magrinha com uma viola a preparar-se para cantar. Rebentei por dentro enquanto ela cantou e tocou! Sou suspeita, porque adoro música de Cabo Verde, mas não estava preparada para aquilo. Aquela voz não pertence a uma rapariga, o que vi foi um arquipélago a cantar. Vai estar no dia 2 de Agosto no Sudoeste e no dia 14 de Agosto em Faro, no Teatro Municipal.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Queima Évora 2007- Desculpem qualquer coisinha.

Caros leitores e colegas deste cantinho da blogosfera, mais uma Queima de Évora começa amanhã. Portanto, peço desde já desculpa por algum texto por mim publicado que seja assim a modos do incongruente, estupidificante, ridiculo ou assim um tanto ou quanto labrego durante os próximos 10 dias que se avizinham.


Para consultarem o cartaz é favor clicar aqui!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Não resisto...

O Sócrates é cócó!

Pessoal vemo-nos no Tarrafal!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Onde andas tu meu jovem?


R: Ai sim? Ele que me mande um e-mail!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Sr. Condutor, enfia o autocolante num sitio onde não bate o sol e não, não estou a falar no Alasca

Se há coisa que eu goste é de passear nos parques de estacionamento. Quem não se recorda dos chaços que se costumavam ver no inicio dos anos 90 com grandes águias ou panteras estilizadas no capot ao melhor estilo americano sulista patego?

Há realmente um segmento da população condutora autocolanteira que deviam ser fechados em casas de banho portáteis e incendiados. Estou farto de pessoas que usam os carros para vincular informação pessoal sobre as suas vidas. Se tais informações me interessassem, eu perguntava. Guardem essa trampa para vocês. Estou-me perfeitamente nas tintas para saber qual é a vossa paixão clubistica, que discoteca ou bares frequentam, em quem pretendem votar ou quais os vossos planos para atingir a paz mundial. Estou-me borrifando se visitaram um pais estrangeiro ou se amam a vossa terra natal. E muito menos me interessa saber qual a rádio que gostam de ouvir ou de que bandas gostam. A única coisa que me interessa em vocês é arranjar maneira de vos ver pelo espelho retrovisor.
Além disso, passo bem sem saber a vossa fé em Deus, Alá, Jeová, Javé, Narana Coissoró, Krishna , o Rato Mickey ou quem quer que tenham escolhido gastar tempo, dinheiro, velas ou incenso. Por favor, guardem as vossas superstições para vocês. Não consigo descrever até que ponto ficaria contente e o quanto me riria até largar uma pinguinha ou duas de chichi, caso, um dia, passasse pelos destroços flamejantes de um carro e visse um daqueles autocolantes com um peixe estilizado e com a palavra “Jesus” escrita rodeada de fumo. É engraçadinho demais para o meu gosto.
Agora já sabem: guardem essas informações para vocês. Eu estou-me nas tintas. Porque não colá-las no interior do vosso carro? Assim podem olhar o tempo que quiserem para elas e eu não.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Pensamentos Dispersos Vol. XXII-O Re-retorno!

Se existe animais de que tenha medo são as galinhas. Nunca entendi para que serve aquela coisa em cima da cabeça dos galos (que são as galinhas machos). Quando tenho um encontro imediato com alguma, nunca me lembro se tenho que me deitar no chão e fazer de morto ou dar-lhe um murro no nariz.

O melhor modo de ensinar os miúdos a nadar é pegar neles e mandá-los para dentro de água, de preferência para uma zona que seja profunda. Caso eles não venham logo para a superfície, estão provavelmente só a tentar ter a nossa atenção.

Porque raio é proibido atropelar cães ou gatos quando se conduz? Não faço ideia onde é que isso está escrito. A Bíblia é demasiado grande para se ler.

«Olá. Chamo-me Rolando Caio da Rocha e tenho diabetes. Dói-me fazer chichi e isso faz-me tratar a minha família mal. Não consigo dormir à noite. No outro dia pisei o próprio pé e usei o cão como bode expiatório. Depois acabou-se-me o gelado de pistaccio e apertei o pescoço à minha mulher. Mas agora descobri que a minha mulher está morta à 5 anos.

A quem raio é que apertei o pescoço?» – Esta mensagem é trazida até você pela Associação Nacional dos Diabéticos

domingo, 13 de maio de 2007

Velas? Caminhadas a pé? Nã! Obrigado.

Hoje é dia 13 de Maio.
Dia do aniversário de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal.

Acho que lá para os lados de uma pequena freguesia de Ourém, algo também se passa. Vendem-se velinhas e imagens de santos, as pensões e hotéis estão cheios, os restaurantes abarrotam pelas costuras e até se vendem as sandes de courato com uma semana e eu, enquanto refasteladamente deitado no sofá, enrolando um borrié entre o indicador e o mindinho, lá tenho que papar com a procissão das velas nos quatro canais. Palavra que até preferia a “Tertúlia Cor-de-rosa” a isto. Se calhar não. Devo estar a exagerar. É de ver tanta vela.
O que é estranho é muitos indivíduos terem feito a viagem até lá a pé. Isto é um verdadeiro indicador do estado económico do país. Devemos estar mesmo mal de finanças para nem haver dinheiro para um bilhetinho de autocarro. Fátima abarrota com gangs de pinguins mal dispostos e de gangs de padres, frades, freis e outros que tais. Quiçá até lá esteja o professor Bambo e outros conselheiros espirituais.
Não percebo deveras esta gente que se auto-intitula de “conselheiros espirituais”. Essa parte é que me custa ainda mais a engolir. Até mesmo mais do que o Cláudio Ramos seja mesmo pai. Como pode alguém aconselhar o espírito? O espírito não é algo extremamente pessoal e íntimo? Não é, pela sua própria natureza, algo que escapa à definição e, sobretudo, a qualquer análise? Que tipo de conselho é que um papalvo que dedicou toda a vida ao engano da religião e a olhar crianças com pensamentos libidinosos pode dar acerca do espírito? A mim cheira-me a vigarice.

Ode à Primavera

Pólen, abelhas, abelhas, pólen
Pólen, flores, pétalas, raios as partam
Pólen, alegria, sol, muiiiiiita alegria, blharc
Pólen, alegria, alergias ao pólen, atchim
Sol, turistas e pólen
Sol, queimaduras solares, turistas vermelhos-sangue
Sol e pólen e flores e alegriiiiiiaaaa
Ai, ai...

quarta-feira, 9 de maio de 2007

A nossa música...

Há quem ache que romantismo é copiar momentos de filmes românticos e costurá-los em mantas de retalhos. Como na vida não somos acompanhados por música há quem diga: "Estás a ouvir môrzinho é a nossa música".
Mas a verdade é que eu adoraria em certos momentos ser seguida por uma banda ao estilo Kusturica, especialmente depois de dar uma resposta como deve ser. Há uns dias fui falar com um SENHOR CAPITÃO para pedir autorização para usar um espaço, blá,blá,blá e às tantas o homenzinho (e isto é puro veneno porque ele era bem capaz de ter 1,87 m) diz-me: "Sabe eu pedi para falar consigo, porque isto de falar com artistas nunca se sabe o que nos espera, pois são pessoas que vivem no mundo da lua." Eu tenho a certeza que a minha expressão facial dava para congelar o Deserto Saara, mas tive que dizer :"Eu não acho que viva no mundo da lua e nunca faria nada disto sem pedir a devida autorização" A verdade é que saí de lá vencedora, deu-me autorização para fazer tudo e eu senti os saxofones e trompetes atrás de mim, só não comecei a dançar na rua porque isso é esquisito.
Mas se isto tivesse sido num filme e eu não precisasse da autorização dele teria dito: "Isso é tão estúpido como dizer que todos os militares são arrogantes e potenciais assassinos" E aí dançaria nas ruas com um ou dois olhos negros.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Porque é aqui!

Porque é aqui que a polícia anda atarefada, porque é aqui que os jornalistas abutram desta vez oiço todos os dias: "Então a menina já apareceu?" Quando foi a Joana, nada loira, também não foi muito longe deste logo aqui, mas é diferente. Sim é diferente e o fim será? Hoje ao ver as imagens das buscas o eu irónico sorriu. Se de facto foi levada pelas costas de um retrato robot inglês não é preciso fugir para o mar, para Espanha, para o Alentejo, para as "encostas de Bensafrim", basta ir para onde vivem os retratos, mesmo que seja logo ali.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

A bebedeira não desculpa a ignorância

Num Bar em Lagos, estava eu descansada da minha vida a ouvir música ao vivo e a beber a minha água, quando se senta um bife ao meu lado já bastante desidratado que me diz:
- So were are you from?
- I'm from Lagos.
- Oh, so you are spanish!
- No, I'm portuguese.
- Ok. were do you live?
- Here in lagos.
- So do you like to live in Spain?
- I live in Portugal and I never lived in spain, and I'm portuguese!
- But have you been borned in Faro?
- No.
- So you are spanish.
- No.
- What is your favorite thing here in Spain.
- We are not in Spain.
- Oh ok!

Mas afinal quem é o Tubarão?

Lembro-me de há um certo tempo ser constantemente bombardeado durante os noticiários da TVI por uma estranha pergunta: quem é o tubarão!!?? E eu respondia: e eu com isso? E lá continuava a cortar as unhas dos dedos dos pés. Contudo, passado este tempo, uma pergunta habita na minha mente. Mas quem é o tubarão? Quem afinal era o tubarão ao fim de contas? E aliás, porque razões deram um nome tão idiota a uma personagem? Tubarão? Caso não se lembrem, nas águas da costa continental portuguesa não existem “tubarões comedores de homens” tipo tubarões tigre, Makos ou tubarões brancos. Em contrapartida, há uns catitas cações para fazer sopas, pata-roxas, tintureiras e raias para caldeirada. Como é óbvio, compreendo que tanto o nome cação ou pata-roxa não inspiram medo.

Vocês devem então agora estar a dizer a plenos pulmões: òh Sandes de Choco! Òh energúmeno do camandro?! E que dizes daquele tubarão com cinco metros que apanharam no ano passado em Peniche ein?? Desse não falas tu né seu burgenço?! Pois é… Ainda não tinha falado até agora. É verdade que apanharam sim senhor. Aliás, apanham de vez em quando nas nossas águas um desses. Chama-se tubarão-frade e tal como o tubarão-baleia, alimenta-se de krill e é tão agressivo ou perigoso quanto um sapo com artrite. Mas serve sempre para a TVI passar nos noticiários e para uns quantos Silvas tirarem fotos com a família inteira (mulher, filho, filha avó, cão, gato e periquito) pensando que estão perto de um verdadeiro comedor de homens.

Pescador- Òh faz favore! Tirem uma foto ao lado do peixe aquele do filme do Spielberg! É só 20 euros!
Silva- 20 euros? Então quero duas! Uma é pra enviar prá minha mana que tá na France!
Filho Silva- Òh pai! Mas o tubarão não tem dentes! E cheira male!
Pescador- Não tem dentes porque já tá velho! Tão o bicho era já adulto quando o Spielberg o usou no filme e isso foi nos anos 70. Cheira mal porque tá ai pendurado há uma semana e só me rendeu 400 euros em fotos. Tem que chegar aos 500!
Silva- Ahhhh. Pois. Agora cala-te Vasquinho e ri-te prá foto.

Se existe um predador que tem sucesso em Portugal é o percevejo. Verdade!. Existe um percevejo que vive nas nossas casas e que se alimenta do nosso sangue. É o predador com mais sucesso aos meus olhos. Mas ai está. Quem é o percevejo? A frase também não inspira medo. Talvez inspire um bocadinho de nojo. Mas medo? Está bem longe disso.

terça-feira, 1 de maio de 2007

stress

Transcrição de conversa real, isto é mais ou menos o tipo de coisa que oiço enquanto almoço. Aqui vai:
- Sinte um stress na cabeça, vai do pescoce à testa.
- Oh mulher tu sabes lá o que é ter stress?!
- Atão na sê??? Desde a semana passada que sinte um pese na cabeça, parece que vai rebentar.
- Ai minha nossa senhora e isse é stress?
- Até parece que é na sê o que sinte?
- Pois não, stress é o que o Manel que trabalhou nas finanças tem. Teve de se reformar o ano passade e tude, que anda aí que parece um parvinhe.