O orgulho com que disse esta frase não mascarou no entanto o ligeiro tremor que a visão de uma cerveja fresca lhe causou. Talvez por isso se ensombrou o olhar que se perdeu no fundo da chávena de café (um dos vícios substitutos do outro, do pior "do que me desgraçou a vida").
E ela olhava-o e cantarolava para dentro "reduz as tuas necessidades se queres passar bem, que a dependência é uma besta que dá cabo do desejo e a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo". Desviou a sua atenção para a vela que estava em cima da mesa e a pequena chama encheu-se de lágrimas, reduzira tanto as suas necessidades ao longo dos anos que se negou à liberdade prometida da música.
2 comentários:
MEU DEUS!
Está lindo! Conseguiste escrever poesia em prosa sobre a dura realidade de tantas pessoas e famílias.
Nota: Eu não bebo há 41 dias mas a suposta "barriguinha de cerveja" não dá sinais de ceder...
Quando se sabe há quantos dias não se bebe...
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