quarta-feira, 30 de março de 2011

Le Menú si vous plait

Adoro o novo modo de escrever menus. Os bifes deixaram de se chamar bifes para se chamarem “tenros nacos de carne cortados finos da mais tenra carne de porco preto que pasta na planície alentejana alimentado a bolota”.

Adoro estas tretas. Mas adoro ainda mais ver mulheres a escolher a comida.

Entro no restaurante. Consulto o menu. Janto, como a sobremesa, bebo o café, peço a conta, pago e adormeço. Acordo, volto a adormecer sobre a mesa… e na mesa ao lado a rapariga que chegou ao mesmo tempo que eu continua paulatinamente a ler o menu. Imperturbável. Por que motivo levam as mulheres décadas a escolherem um prato? É peixe ou carne. Cinco segundos de inclinação imediata para mim. As mulheres não. Lêem o cardápio de fio a pavio. Param nas melhores frases. Saboreiam o estilo literário. Quando chegam ao fim regressam ao inicio. Incrédulas com a leitura, chamam o empregado como se fossem estudantes em dia de exame. Apontam para uma proposição duvidosa, questionam o infeliz, ouvem, meditam, pedem mais dez minutos e começam todo o processo desde as “Entradas”. E, quando ela finalmente se decide, nunca se decide propriamente por um prato. O menu é apenas um esboço para combinações improváveis. A carne assada tem que ser grelhada. Bem grelhada mas tenra. O molho de carne tem de vir sem carne. Rigorosamente À parte. E, já agora, sem batatas e arroz. Só com salada ou saladas variadas e salteadas.

Resumindo, o que parecia para mim uma refeição tornou-se um triatlo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Hello. And Bye.