segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

(o telefone toca)

Homem: Estou sim? Departamento de filosofia.

Interlocutor: O Jacinto está aí?

Homem: Bom… o que quer dizer com “Jacinto”? Existe mesmo tal entidade? Ou será o Jacinto simplesmente um nome? Uma etiqueta. Há muita gente que se auto denomina Jacinto. Será que todos têm razão em fazê-lo? E, já agora, onde fica esse “aí” de que fala? Enquanto estava a ouvi-lo falar, senti a sua voz como uma entidade física dentro da minha cabeça. Será que é aí que o Jacinto está? Não pode ser. Onde quer que esteja essa tal entidade chamada Jacinto que procura, é seguro afirmar que é aí mesmo que está. Pelo menos, por agora. E que afinal de contas, que será realmente o “agora”? Uma palavra apenas mas todas as vivências recentes? O passado e o futuro?

Interlocutor: … é que eu precisava mesmo falar com o Jacinto…

Homem: Desculpe, o Jacinto foi assassinado hoje de manhã numa barraca de cachorros quentes por uma bibliotecária passiva-agressiva. OU será que não foi? Afinal, estamos a falar dele. Será que já não está entre nós? De um ponto de vista poderíamos dizer que…

(click!)

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