quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Dia de S. O quéim?

Ok. Já passou um dia. Ontem foi Dia de S. Valentim. Apenas hoje me senti capacitado para dissertar sobre o assunto. De todas as datas e feriados degradantes sejam lá eles o 13 de Maio, Dia de Todos os Santos, e essa treta toda por ai fora, eu escolhia o dia de ontem como o supra-sumo da vontade de meter um dedo na goela e chamar a plenos pulmões pelo dito Gregório. Mas que dia de treta. Qualquer pessoa que tenha dois (nem é preciso três) palmos de testa de certeza concorda comigo. Parece que o amor paira no ar. Mas é um amor tão seboso, de sorriso amarelo, tão rameloso que me faz lembrar algo entre uma alforreca a apodrecer na praia e aquele molho agridoce servido num restaurante chinês pelo próprio Cláudio Ramos.

Contudo, tenho que admitir: mas que excelente manobra de marketing. O dia de ontem foi uma das melhores manobras de marketing desde que uma tipa há muitos milhares de anos, na madrugada da humanidade, decidiu receber um kg de carne de mamute por uma queca rápida dada atrás de um arbusto. No fim de contas, foi preciso olho para o negócio. Porquê? Vejam: em apenas um dia, o stock de rosas, lírios e outras flores são consumidos nas floristas. Restaurantes ficam atulhados de casais prontos a prendar o mundo com mais miúdos ranhosos e vesgos. Prateleiras inteiras de bonbons e chocolates são esvaziados por multidões nos hipermercados. Realmente mexe a economia. Lá que mexe não há dúvida. Com certeza que mexe.

Mas nem para todos esta é uma noite auspiciosa. Os auto-intitulados garanhões, Zézés Camarinhas deste canto à beira mar tramam-se. Porquê? Os bares estão cheios de casais. Nesta noite, arriscam-se a ficar com um olho à Belenenses enquanto sorvem o seu copito e olham com lances libidinosos as namoradas dos outros. O namorado pode não gostar.

Mas se há coisa que eu gosto é mesmo observar os olhares que cada casalinho manda e tentar adivinhar os seus pensamentos. «Ai! O Voltaire Rebelado de França gosta mesmo de mim! Ontem espancou-me com uma lata de grão cozido mas hoje ofereceu-me flores, um cd do Mikael Carreira e um jantar catita! É tão querido».



Ps- Parabens atrasados ao alter-ego do Fingido que fez ontem anos!

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