segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A cosanostra do pó talco

Há algo estranho que reparei este verão. Uma coisa tenebrosa. Sombria. Como uma máfia ou uma organização secreta ao mais alto estilo, fazendo parecer as sociedades secretas de que o Dan Brown retrata nos seus livros semelhantes a um rancho coral alentejano ou um grupo de pasteleiros de bolinhas de Berlim. À vista de todos mas escondida sob uma ténue capa de algodão a cheirar a colónia para bebés.
Algo relacionado aos casais que tenham filhos recém-nascidos ou bebés. É como se de uma irmandade secreta se tratasse. É fantástico ver como de um momento para o outro, mesmo que só se conheçam de vista, se tornem grandes amigos, confidentes de estórias de chucha, de cronologias de mudanças de fralda ou da baritonidade dos berreiros nocturnos. Mas é mesmo impressionante. Basta dois destes casais se sentarem numa mesa de café para que, rapidamente, todos os casais com bebés rapidamente das proximidades se sentem na mesma mesa, e, de um momento para o outro, a esplanada encontra-se lotada por carrinhos de bebés, mesas bolsadas, fraldas que despertariam os sentidos olfactivos a um paraplégico de noventa e três anos e putos irrequietos de beiçola com ranhoca verde-xucrute. É como se de uma força magnética irresistível se tratasse.
Mas é um clube privativo. Tem certos e determinados requisitos como a idade do miúdo e coiso.
«O teu miúdo tem mais de três anos? Poooois. Desculpa. Mas tens que te sentar noutra mesa. Quiçá naquela na outra ponta ok? Vá. Xau.»- Ora ai está! O requisito máximo! O miúdo tem que usar ainda fraldas. Caso tenha mais de três anos, automaticamente são expulsos e ostracizados. Vi até um desses casais colocados este ano fora desse núcleo duro a olhar da ponta da esplanada para eles com um certo saudosismo e tristeza no olhar.
«Pai, posso pedir um gelado? Pxiu cala-te Zé Rafael! Possa pá! Porquê é que crescestes tão depressa? Podias ao menos sofrer de raquitismo… Porque raio não lhe destes uma dieta pobre em vitamina D, óh Josefa pá?»

Eu garanto-vos: eles andam ai! Nunca os olhem nos olhos! É preciso evitar o contacto visual caso não queiram ser bolsados.

Ps- Tou a ver um filme do Incrível Hulk e uma pergunta bate e rebate, qual sino da igreja, na minha mente: de que raio de tecido é que são feitos os boxers dele? É que quando ele se transforma, toda a roupa se esfarrapa; toda menos os boxers que se mantêm da mais alta qualidade e estilo….

1 comentário:

Anónimo disse...

Embora não seja progenitora acho que faço parte desta máfia. Dou por mim a ter conversas sobre o cócó, antes na fralda e agora na sanita, com o mesmo interesse que numa conversa sobre um filme italiano neo-realista.
Na realidade sou o Tony da familia. Trambolho-ao-potigo-Pau-para-todo-o-serviço, ao seu dispor 24x7!