quarta-feira, 30 de maio de 2007

Tenho saudades de andar de autocarro...

Andei durante anos nos mesmos percursos, mas acho que devia ser das poucas pessoas que não me aborrecia no autocarro. Acontecia sempre alguma coisa. Há dois acontecimentos que jamais esquecerei.

1º - o dia em que fiquei com a perna entalada na porta do autocarro, que ainda andou uns metros assim. Para quem visse de fora devia ser estranho uma "bota-da-tropa" preta com um pedaço de calças agarradas a um autocarro em movimento. Até que um rapaz gritou "Oh homem abra a porta que tem aqui uma rapariga entalada!" A partir desse momento criei uma secreta admiração por Martim Moniz...

2º - uma noite em que voltava, num autocarro fora-da-lei, por estar demasiado cheio, chovia a potes, o condutor era o Sr. Jerónimo, cabelo branco, magro, óculos de olhar esperto. Não se via nem um dedo para além do vidro da frente e eu sei porque ía esborrachada nele entre o condutor e três ou quatro pessoas. Próximo do antigo cruzamento do Montenegro (agora rotunda aérea) o Sr. Jerónimo estende-me um lencinho de papel branco e diz: "Oh menina faça-me lá o favor de limpar aí o vidro que eu na estou vendo nada!" Eu obedeci, não melhorou muito e fiz o resto da viagem com um lencinho encharcado na mão e a pensar andar a pé é bom, mas isto também é giro!

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