domingo, 3 de dezembro de 2006

Uma questão de mandar a ecologia para as ortigas


Mais um ano Portugal pode-se orgulhar de ter a maior árvore de Natal da Europa! Ena! Formidável! Quem diria? Temos um excelente sistema de saúde, um excelente poder económico, somos os maiores em acidentes na estrada, somos um dos países europeus em que menos se lê (não estou a contar com os jornais desportivos) e agora temos a maior árvore de Natal da Europa. É bom saber que, embora haja pouco dinheiro, sempre temos algum para gastar nestas palermices, tais como estádios de futebol de milhões de contos que nem sequer são usados, tgv’s, aeroportos desnecessários, uma frota de carros topo de gama para os políticos, etc. e mais não sei…enfim. Somos realmente um país de aparências. Às vezes, quando penso nisso, tenho vontade de cortar os pulsos com uma faca de plástico daquelas que se usam nos piqueniques, mas, depois penso o quanto doiria e tiro rápidamente tal ideia estapafurdia da cabeça e limito-me a rir descontroladamente.

Mas agora que penso no assunto, acho que essa ideia da maior árvore de Natal da Europa é uma americanice. Por mero acaso, também na Praça Rockefeller, em N.Y., existe uma. Mas ao contrário da nossa, que é de metal, aquela é verdadeira. A certa altura, algum americano pensou: «Pessoal, tenho uma ideia bestial para o Natal. Vamos matar uma árvore bonita com mais de cem anos e levamo-la para Nova Iorque. Montamo-la na Praça Rockefeller e escondemos a sua beleza natural, pendurando objectos brilhantes e repelentes feitos pelo homem nos ramos deixamo-la estar assim, morrendo lentamente durante várias semanas enquanto crianças ranhosas e vesgas olham especadas e os seus paizinhos alcoólicos e drogados, de licença da prisão ou da clínica de desintoxicação tiram fotografias. Assim podemos dar um cunho especial e deprimente ao Natal na cidade».

7 comentários:

Anónimo disse...

Viva o Natal!
Eu se encontrasse um dia o Natal na rua vazava-lhe os olhos com uma motoserra e depois dizia-lhe: "oh faz favor podia dizer-me as horas?"

Fingido disse...

Parece que há uma sintonia natalicia, aliás um espririto natalicio, que nos liga.

Viva o natal das lojas dos Chineses!

VIVA!!!!!

Viva os ananáses natalicios!

VIVA!!!!

dusty disse...

E os pais-natais crucificados. :>
É engraçado como a dislexia de estética e significado que o comércio chinês atribui a esta celebração dos países ocidentais, acaba por caracterizar o paradoxo que esta constitui actualmente. É triste reconhecer como todas estas situações apontadas pelo sandes não são apenas ironia exagerada. Tudo se cobre com sensacionalismo, com coisas que "enchem os olhos e não a barriga". Com "coisas". Não me impingiram o quadro da Virgem e do Menino ou a história do velho do natal mas cresci a respeitar e a gostar desta época. Ainda me considero privilegiada por me sentar todos os anos à mesma mesa, rodeada de pessoas, posso dizê-lo, cheias de qualidades e peculiaridades. São essas poucas horas que fazem o meu Natal.
O resto não passa de um propósito comercial. Não conheço nenhum infeliz que fique mais feliz. E também não me parece que àrvores gigantes façam alguma diferença. A não ser que fosse na Mina, aí pegavam fogo ao pinheiro, havia zaragata e o pessoal ainda se divertia.

dusty disse...

Só uma dica especial para o Sandes:
Dude, get a girlfriend!

Sandes de Choco c/mortandela disse...

Girlfriend, nesta altura é mais um gasto financeiro superfulo, cara Dusty. Já me chega a catrefada e meia de sobrinhos a consumirem-me um autêntico salário. Vou esperar que passe esta época festiva. Por acaso, gosto do Natal. Não pelas prendas ou sorrisos amarelos. É apenas por ser uma altura de reunião de familia. Uma das poucas alturas do ano em que temos tempo para sentarmo-nos à mesa dos mais próximos, beber, comer e pôr a conversa em dia.

dusty disse...

Por acaso é um bom ponto de vista Sandes. Vou espantar os pombos que agora não há dinheiro para presentes. Só me posso afeiçoar em 2007.

Anónimo disse...

Não me digam que andam a estudar?Para não postarem à tanto tempo...