segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Um leve debruçar acerca da curiosidade

A curiosidade sempre foi um revelador de inteligência. Sem sombra de dúvida, as espécies de animais que a apresentem podem ser considerados mais inteligentes. Os polvos, corvos, gatos, cães, etc são animais dotados de enorme argucia e curiosidade(quanto às amibas, Cláudio Ramos, planárias e outros procariotas heramfróditas, nada posso dizer uma vez que se lhes desconhece a presença de cérebro ou de algum organelo mais rudimentar). Os primatas são curiosos até dizer chega. E nós daí viemos.

Guardar as pequenas coisas que tiramos do nosso corpo é uma consequência da nossa curiosidade natural. Todos a temos. Somos curiosos acerca de nós próprios, acerca dos nossos corpos e, por isso, somos curiosos acerca das pequenas partes de nós que cortamos, arrancamos, puxamos ou rapamos. As unhas cortadas são um bom exemplo.

Vou expor-vos a cena. Estão sentados na cama numa noite e começa a dar um programa normal na grelha degradante da tv em Portugal (excluindo obviamente a 2) e dão convosco a pensar «Não estou para ver mais um episódio da outra parva-que-se-veste-como-uma-atrasada-mental-e-que-vive-numa-casa de-ricos-apaixonada-pelo-rico-mais-velho-que-mais-parece-qu-tem-pêlo de-arame-qual-Terrier-de-pelo-curto… Olha! Eureca! Já sei!Vou cortar as unhas dos pés!» Excitante ein?

Então começam a cortar as unhas dos pés. E, de cada vez que cortam uma, um dos bocados cortados voa para longe. Já repararam nisso? Voam para todos os lados. Quando acabam de cortar, têm de as juntar todas num monte. Não as podem deixar espalhadas pela cama porque se cravam nas vossas pernas e não querem que isso aconteça. Têm que as juntar num monte. E já repararam que, quanto maior é o monte, mais orgulho vocês sentem nele?

«Olha só Acheropita Papazone, querida! O maior monte de unhas na história do Homem! Vai buscar a câmara de vídeo! Liga para o Museu de História Natural e diz-lhes que temos uma excelente ideia para uma exposição!!»

E, então, procuram a unhaca que cortaram do dedo grande do pé, a maior de todas! Pegam nela e dobram-na! Não dobram? Dobram sim senhor! Dobram que eu sei! Claro que dobram! Dobram-na, apertam-na, brincam com ela. Têm de o fazer! Porquê? Porque podem! Porque tudo é possível e viável na segurança do lar. Ainda por cima, é uma coisa que fazia parte do vosso corpo até há bem pouco tempo. Ainda está húmida e tudo. Ainda cheira a Roquefort! Parece que ainda está viva*!

Às vezes, guardo-as de um dia para o outro. Mas não vale a pena. De manhã já não têm tanta piada. Estão secas. Não as podem dobrar. Que se lixem. Deitem-nas fora. Quem é que precisa de unhas que não podem ser dobradas? Eu não! Não sou assim tão depravado. Não senhor.

* Sandes, o libente informa: as unhas não são um tecido vivo. Trata-se de queratina, uma próteina que é segregada por glândulas na base destas (sim pá! No sabugo! Isso mesmo!). Brigado.

7 comentários:

Anónimo disse...

Conhecemos os outros pelo que conhecemos de nós, foi nesta teoria que te baseaste, certo?
Mas esta teoria tem falhas, se bem que acerte num monte de coisas... Claro que nós fazemos coisas quando sabemos que não estamos a ser observados que, enfim...
Sim elas saltam, sim a dobra da unhaca é um clássico, juntá-las num belo monte, parece-me normal, mas guardá-las para o dia seguinte?
És doente!

Anónimo disse...

continuam brilhantes os vossos posts! só tenho pena de ter ficado com uma sensação esquesita enquanto estava a jantar :S

Fingido disse...

Caro Sandes, o teu aguçado espírito científico transforma-se, paulatinamente, num esprito científico-social.... mas a libentisse continua, e isso é que importa!!!

Cara Dusty, guardar as aparas de queratina não é doença, é parvoice!

dusty disse...

lol
Que fiz eu? Nem sequer era uma daquelas crianças que se escondia no roupeiro para roer as unhas dos pés. Já o sandes não sei. Não tarda aparece-nos aí com uma dissertação sobre o cotão do umbigo. É o que dá ter demasiado tempo livre, começa-se a explorar os refegos da pele...

Anónimo disse...

Notícia de última hora:
A senilidade atinge Fingido da Silva que atira parte de uma posta de pescada à inocente Dusty quando o queria fazer à Trambolho ao Postigo.

dusty disse...

O tipo está a ficar gagá e vesgo. Trambolho, vinga-te e atira-lhe com um robalo de 20kg.

Fingido disse...

Épa, que grande falha!!! Que erro grosseiro! Mas pronto está cometido. Aceitem as minhas desculpas, e saibam que já me vesgastei, por 20 vezes, com uma "vara de aloentro".
To que mais pareço um cristo!