sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Vitráis & Estátuas

"Eu até nem queria mas uma vez que estás ajoelhado lá terás que orar..."

No que resta do convento onde habitava a Mariana do Alcoforado, em Beja e hoje transformado em museu, encontram-se ainda hoje as gárgulas origináis a enfeitar o edificio.
Uma das gárgulas, bem disfarçada e semi-escondida, tem a particularidade de representar uma mulher em pleno trabalho de parto. Mas que tem demais uma mulher em trabalho de parto? Nada. Algo absolutamente natural caso a mulher em causa não fosse nada mais nada menos que uma freira. Trata-se exactamente de uma freira em trabalho de parto!
Podemos então perceber que o artista cujo crivo lavrou tal obra, não possuia apenas o dom da escultura mas também a da sátira, a da crítica social.
Este vitral, por sua vez, não é, penso eu, nenhuma crítica à prática de alguns padres que existem por esse mundo fora ( em especial nos E.U.A. há um tempo atrás) mas tenho que admitir que serve às mil maravilhas!

3 comentários:

dusty disse...

Correcção: Mariana Alcoforado e não "do Alcoforado".
por acaso a história dela também é "bonita"...

Sandes de Choco c/mortandela disse...

Pois. Uma freira a mandar cartas monhosas a um padre sempre foi a minha ideia de redenção. A coisa que eu hoje escreví tem mesmo a ver com isso. A redenção parte de nós e não de segundos. Mais! A arte é eterna. Desde que nos lembremos de algo, até a existencia será eterna.

dusty disse...

sim, concordo, plenamente, com a tua ideia de redenção.
no entanto, já que se fala nisso, a história da mariana alcoforado, sai um bocado destes "parâmetros". ela foi obrigada a ir para um colégio de freiras pelos pais, mas nunca quis ser realmente freira. era uma mulher extremamente inteligente e uma visionária na sua época. nunca teve qualquer "envolvimento" com um membro da igreja. teve sim, na sua juventude, um caso amoroso e um tanto apimentado, com um general francês. quando ele partiu, durante anos enviou-lhe cartas, algumas com conteúdos pouco ortodoxos. cartas essas que acabaram por ser editadas secretamente e alcançaram grande fama entre a aristrocacia francesa. claro que quando isto soube em Portugal foi um escândalo e já queriam exorcisar a desgraçada, além de a rotularem de rameira e afins. algo que ela nunca foi. era apenas "diferente".