sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Belly.ache or heart.ache?

A dignidade da vida humana foi desde sempre, um valor irrefutável e inegável para todos os seres humanos. Todos somos iguais. Todos valemos enquanto homens. Todos merecemos respeito. Todos dispomos do livre-arbitrío. A estes princípios chamamos de direitos humanos. Foram necessárias muitas décadas de luta, para que actualmente possamos desfrutar plenamente/universalmente destes direitos. Ou assim deveria ser, pelo menos.
Mas o problema que nos surge, neste momento, exige uma reflexão sobre estas normas: será que a par de defendermos que a vida humana deve ser criada com dignidade, conseguimos fornecer as condições necessárias para garantir esta mesma dignidade? Que fazer relativamente à interrupção voluntária da gravidez, quais os valores a defender, quais os factores a considerar? A questão do aborto conta-se entre os assuntos mais prementes e controversos das sociedades desenvolvidas. Mais difícil ainda, será abordá-lo na nossa sociedade em especifíco. E urge chegar a um consenso.
Penso que nenhum ser humano se afirma a favor do aborto, de uma forma indiscriminada. Isso seria ir contra o respeito pela própria vida. Numa outra perspectiva, conceder às mulheres a liberdade de determinar as condições para receber uma nova vida e a possibilidade de interromperem a gravidez dentro de parâmetros legais e de forma segura, é revelador de uma grande tolerância e humanidade. A criminalização do aborto não impede que este se realize em grande número de forma clandestina. As mazelas físicas e psicológicas são inevitáveis, e muitos são os casos em que as mulheres morrem devido a condições de higiene precárias ou sofrem danos irreversíveis, como a esterilidade.
Na iminente possibilidade de realização de um referendo ao aborto pelo governo português já no próximo mês de Novembro, parece-me pertinente reflectir sobre esta temática. Mais tolerância e menos hipocrisia, precisam-se.

11 comentários:

Sandes de Choco c/mortandela disse...

És grande com as tuas palavras. e falas bem. Eu, com a profissão que tenho, ví videos de certeza terríficos acerca do aborto. Eu ví imagens que, dizem que por um feto ser extremamente recente, não é um ser vivo.? Contudo, eu ví coisas acerca disso q jamais vos passará pela cabeça( eu ví cenas de fetos a fugir de uma espátula.). Isto é uma questão extremamente para as
mulheres.É uma questão em que vocês vivem a 100%.

Eu não abomino de um lado nem de outro.
Cabe a vocês e à vossa humanidade decidir isso.
O ventre é vosso.
Ideias são de todos.

Senhor Indivíduo Satanhoco disse...

A hipocrisia seria negar a existência do aborto... existe, sempre existiu e vai continuar a existir...mesmo na sua precariedade!
Não defendo o aborto como um simples método contraceptivo, no qual a sua realização apenas é motivada na não vontade de ter mais um filho! O problema, é que este existe, e vais continuar a existir...sem ser regulamentado, como uma forma de contracepção para as classes sociais elevadas, aquelas que podem auferir a clínicas de qualidade especializadas no ramo (em Espanha por exemplo), e nunca para as que necessitam, que se vão ter de consolar com as parteiras caseiras e enfermeiras de má fama!!!
Nunca será um assunto de consenso, mas a sua discussão urge...e a hipocrisia é dispensável!
Sim, porque eu defendo que a falta de condições de saúde e alguns casos sociais são motivo para abortar!


p.h.

Senhor Indivíduo Satanhoco disse...

E não me venham com a conversa que é um ser humano, que tem sentimentos...pois eu também os tenho!
A decisão de abortar é uma decisão violenta para a Mulher, para o casal pois se um filho não se faz sozinho...um aborto também não!!!
Mas em alguns casos, o não nascimento é um sofrimento para aliviar e prevenir o sofrimento!
Já há crianças a mais para serem adoptadas...muitas delas nunca chegaram a ter um lar, uma família...essa de certeza não é uma saída...
Não defendo uma liberalização, uma aceitação fria por parte da sociedade... apenas defendo uma analise, uma consciência...e a não hipocrisia!
Acho que defender o aborto no caso de más formações do feto é algo mais consensual. Uma vez que o número de semanas que a actual lei estipula é cientificamente insuficiente para um diagnostico preciso!


p.h.

Parabéns Dusty, um tema pertinente e interessante!

Anónimo disse...

Não acredito que alguém racional e emocional fale de aborto como se fosse um método contraceptivo, ou pelo menos não o deveria fazer.
O aborto é uma última alternativa em casos em que não há alternativa.
Na lei está prevista a realização de aborto, tanto quanto sei,em quatro casos:
em caso de violação
em caso da grávida sofrer de grave doença mental
no caso de deficiência grave do feto
e no caso de risco de vida da mulher.
Não me recordo até quantas semanas está prevista a interrupção de gravidez nestes casos, nem conheço exemplos em que a lei tenha sido aplicada, por vontade das mulheres ou por decisão de tribunal, mas parece-me que a lei actual me parece bastante coerente com o que a maioria das pessoas pensa acerca do aborto: que é uma medida extrema.
Claro que isto é teoricamente falando...
Quando se fala de aborto livre arrepia-me a espinha, a primeira coisa que penso logo é em miúdos tontos que não usam qualquer tipo de protecção, que na sua inconciência nem sequer pensam nas doenças seuxalmente transmissíveis que podem apanhar ou transmitir a pessoas que pelo menos durante alguns momentos têm alguma importância para eles...
Penso nas campanhas caríssimas que são feitas para que as pessoas utilizem contraceptivos, nomeadamente o preservativo e no entanto estas campanhas encontram-se em outdors com designs elaborados, mas estão longe da realidade.
Na minha opinião é urgente a informação directa, pelo menos nas escolas, e não é quando os miúdos têm 16 anos que se deve educar é desde sempre, ainda para mais que as pessoas começam a sua vida sexual cada vez mais cedo.
É urgente também acções em bairros onde as pessoas não têm mais nada do que a sua saúde!
É urgente que deixemos de nos armar em pequenos deuses decisores da vida!
Temos que evitar a todo o custo a selecção artificial!
O fingido falou, numa das suas contribuições, do livro: Admirável Mundo Novo, aconselho sempre este livro, porque temo no que nos podemos transformar em ditadores e escravos de uma raça única perfeita e dita superior.

dusty disse...

Thank u guys :)
Penso que é importante que todos nós, enquanto cidadãos, jovens e sobretudo enquanto seres humanos, vejamos a questão do aborto como uma responsabilidade colectiva. E sim, é necessária muita ponderação para decidir sobre a vida.
Trambolho, no referendo está prevista a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas de gestação.

Sandes de Choco c/mortandela disse...

tenho q deixar de escrever comentários de manhã...
lole lole lole

Anónimo disse...

10 semanas = 2 meses e meio = a muita transformação no corpo e o feto já tem uns centímetros valentes...
caso venha a ser aceite esta nova lei (que é bem provável) façam o favor de evitar a todo o custo a necessidade de recorrer a esta medida, especialmente por vocês!

dusty disse...

Com 12 semanas de gestação o tamanho do feto encontra-se entre os 4-8cm, e pode pesar entre 10-45g. Com 10 semanas, estes níveis serão apenas um pouco inferiores. É óbvio que o aborto deve ser uma decisão a tomar em último recurso. E de acordo com as condições que em cima enunciaste. Não me parece que mulher alguma resolva fazê-lo de ânimo leve.
E sim, uma educação sexual efectiva e obrigatória, poderia ser uma medida eficaz a aplicar, para diminuir a ocorrência deste tipo de situações.

Anónimo disse...

O aborto não pode ser encarado como método contraceptivo mas como algo de ultimo recurso.
tambem existe o sexo anal, oral..celibato?
lolelolelole
Pois é. Fui eu mas metí como anónimo.

Senhor Indivíduo Satanhoco disse...

A verdade é que em alguns casos o aborto é um método contraceptivo, negar a sua existência nestes parâmetros e tentar fugir ou negar uma realidade evidente. E acredita que na maioria dos casos não é por jovens inconscientes, bem pelo contrário!
Existem muitas pessoas que o fazem, olha que tenho conhecimento de algumas.
É triste, para mim repudiável, mas existe.
Sou emocional, mas neste caso tenho de ser mais racional... a existência de más formações do feto (em 10semanas o diagnostico será mais preciso), uma gravidez fruto de uma violação (a lei actual não é assim tão explicita), famílias com condições de pobreza extrema (em muitos casos numerosas), com condições de saúde e vida desumanas!
O contacto com a realidade, faz-me ser mais racional que emocional...
Existem condições extremas, e para essas defendo claramente uma interrupção voluntária da gravidez!
Ao menos salvaguardar o direito de escolha, que nunca será uma decisão fácil... e para ser tomada de animo leve.
Volto a afirmar que não defendo uma legalização anárquica, defendo a criação de uma lei que salvaguarde e não prejudique que se vê obrigado a tomar esta decisão...
Concordo e sublinho a teu pedido de não recurso a esta medida! Claramente...
Não sou assim tão insensível como parece, mas em algumas situações...temos de ser racionais!
É a minha opinião.

p.h.
E eu não defendo o aborto como contraceptivo, falei nele porque existe e não o assumir é uma prova de não conhecimento da realidade...

(isto de escrever de madrugada, quando chego a casa, tem destas coisas...lole)

Anónimo disse...

em famílias muito numerosas e com graves problemas sociais e financeiros porque não as vasectomias e as laqueações de trompas?
parece-me um método melhor, mas também não sei se no nosso país há esta possibilidade...
as alternativas não são muitas especialmente quando não se tem dinheiro e há uma parteira na barraca ao lado que uma prima aconselhou...
há muitas associações de apoio, infelizmente grande parte do trabalho feito é na altura do natal porque parece que só nessa altura é que as pessoas têm fome e frio e disparam filhos aos cinco e aos seis de cada vez...