quarta-feira, 22 de março de 2006

Porque ontem foi o Dia da Poesia....

...deixo aqui dois poemas da invulgar Adília Lopes.

"Deus é a nossa mulher-a-dias"

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos for a
como a vida
porque achamos
que não presta

Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos for a
como a fé
porque achamos
que é pirosa

"meteorológica"

Deus não me deu
um namorado
deu-me
o martírio branco
de não o ter

Vi namorados
possíveis
foram bois
foram porcos
e eu palácios
e pérolas

Não me queres
nunca me quiseste
(porquê, meu Deus?)

A vida
é livro
e o livro
não é livre

Choro
chove
mas isto é
Verlaine

Ou:
um dia
tão bonito
e eu
não fornico


4 comentários:

Fingido disse...

Até parece que foram escritos propositadamente para o PFCAD.

Anónimo disse...

Esta mulher é uma senhora!!!
Talvez ainda incompreendida pelos seus contemporâneos, aliás como todos os verdadeiros génios o são!

Anónimo disse...

poesia em forma
de orgia publica
dá multa
das grandes.
tu nao existes ó adilia,
euuuu tou aquiiii...

dusty disse...

Gosto muito dela, do pouco que conheço. é original, é seca, é sarcástica e verdadeira. explora muito bem a condição da solidão feminina.